terça-feira, 9 de fevereiro de 2016

Microcefalia e Vacinas - Uma Falsa Associação

O aumento de microcefalia observado inicialmente no Nordeste do Brasil, e depois em outros estados, deu margem à suposição no público leigo de que as vacinas aplicadas na gestação poderiam causar a microcefalia.
A influenza na gravidez é mais grave, e o aumento da coqueluche em recém-nascidos e crianças nos primeiros meses de vida, levaram à recomendação de vacinar contra influenza e coqueluche na gestação. O Centro de Controle de Doenças dos Estados Unidos (http://www.cdc.gov/) tem vasta bibliografia e informação sobre a aplicação das vacinas de influenza e dTpa (tríplice acelular tipo adulto contra difteria, tétano e coqueluche) na gravidez, mostrando a sua importância e segurança. A Organização Mundial de Saúde também recomenda a vacina de influenza na gestação.
A contraindicação à vacina de rubéola (isto é, dupla viral sarampo-rubéola e tríplice viral sarampo-caxumba-rubéola) na gestação deve-se ao fato de que são vacinas vivas, e assim, por medida prudencial e risco teórico, aconselha-se não usá-las na gravidez. O Brasil, em virtude de suas campanhas de vacinação em massa, é um dos países que tem mais experiência no assunto, com vários estudos publicados em revistas internacionais indexadas. A aplicação inadvertida das vacinas contendo o componente rubéola, ou de quaisquer outras, em mulheres grávidas, não acarretou consequências nocivas para o feto.  À mesma conclusão chegaram a Organização Pan-Americana da Saúde, analisando os dados da América Latina, e a Organização Mundial de Saúde, analisando os dados de todo o mundo.
Há várias causas de microcefalia, mas muitas evidências apontam o vírus Zika como o responsável pelo aumento de casos no Brasil. Numa série de 35 casos investigados, todos foram negativos para agentes microbianos que podem causar infecção congênita, inclusive rubéola. O vírus Zika foi isolado do líquido amniótico de dois fetos diagnosticados com microcefalia antes do nascimento, e o material genético do vírus Zika foi identificado em vários órgãos, inclusive cérebro, de uma terceira criança, que morreu logo após o nascimento.
Poderei enviar aos interessados a literatura científica que dá suporte às afirmativas acima.

Reinaldo de Menezes Martins

Membro Titular da Academia Brasileira de Pediatria

3 comentários:

  1. Olá Reinaldo!
    Toda informação confiável e baseada em evidências científicas também confiáveis é sempre bem vinda! Parabéns pela iniciativa!
    Eu, Natália e os outros autores do Blog "Dotô, é virose?" gostaríamos de te convidar para fazer uma matéria para o nosso blog, sobre zika vírus, microcefalia e vacinas. O endereço do nosso blog é: dotoevirose.wordpress.com
    A página no Facebook é: https://www.facebook.com/dotoevirose/
    Seria ótimo pois somos defensores da divulgação científica e inclusive gostaríamos de saber das fontes da literatura científica que o senhor relatou.
    Grande abraço!

    Att,
    Natália Lanzarini
    Blog Dotô, é virose?
    https://dotoevirose.wordpress.com/
    e-mail: virosedoto@gmail.com

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  2. Cara Natália, gostei do blog de vocês. Vou enviar minha contribuição para o e-mail indicado por vocês. Abraços
    Reinaldo

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  3. Obrigada pela contribuição!
    Abraços,
    Natália

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